Não me agrada tocar na família de ninguém. Cada um é responsável por si mesmo, os crimes dos pais não passam para os filhos, nem os d...
Não me agrada tocar na família de ninguém. Cada
um é responsável por si mesmo, os crimes dos pais não passam para os filhos,
nem os dos filhos para os pais. No entanto quando as atividades de uns têm o
poder de influir nas atividades dos outros, em especial quando um deles é o
presidente da República, é inevitável que se investiguem os indícios sobre
eventual tráfico de influência.
Lula tem cinco filhos, uma mulher, Lurian, e
quatro filhos homens. Esses últimos são todos pequenos ou médios empresários,
possuidores cada um de várias empresas. Curioso, nenhum é empregado.
Um deles, Luís Claudio, está na berlinda porque
uma de suas empresas, a LFT Marketing Esportivo, recebeu 1,5 milhão de reais de
um escritório de advocacia que fazia lobby para empresas montadoras de veículos
que estavam interessadas em uma Medida Provisória do governo federal. A polícia
federal acha, com razão, que é suspeita uma empresa de marketing esportivo
realizar serviços desse tipo para um escritório de advocacia.
Porque me debruço sobre esse fato? Simplesmente
aguardaria o resultado das investigações da PF antes de algum comentário. No
entanto ele me fez lembrar um episódio do qual participei. Vamos ao fato.
Há alguns anos outro filho de Lula, o mais
velho, Fábio Luís, criou uma pequena empresa, a
Gamecorp, para produzir jogos eletrônicos.
Em 1996 eu havia sido o relator da Lei Geral de
Telecomunicações, que dera origem, em 1997, à lei que permitiu privatizar as
empresas de telefonia, tendo como uma das resultantes a constituição da
Telemar.
Para surpresa de todos a antiga Telemar, hoje
Oi, uma das gigantes de telefonia, que possuía cerca de 1/3 da telefonia de
todo território nacional, resolveu comprar, em 2005, por 5,2 milhões de reais,
30% das ações da Gamecorp.
Em determinado dia, durante o
governo Lula, fui convidado a almoçar pelo então presidente da Telemar. Conversamos sobre como estava evoluindo o setor de
telefonia e resolvi
perguntar-lhe porque uma empresa do porte da Telemar havia decidido comprar
parte de uma pequena e desconhecida empresa, a Gamecorp. Surpreso com a
pergunta olhou-me com a boca fechada, sem proferir qualquer palavra, fazendo
apenas um movimento facial com um aperto dos lábios e um gesto com os braços,
abrindo-os e esticando-os como quem diz: “fazer o que?”.
Sua expressão corporal foi mais eloquente do
que qualquer palavra, frase ou discurso. Bastou para entender o que ele queria
dizer.
Esse episódio que se deu comigo, e os fatos
apresentados nos últimos dias sobre as atividades empresariais dos filhos do
Lula, me levam à conclusão de que os filhos do ex-presidente andaram misturando
suas atividades privadas com as suas “aptidões” para influenciar ações do
governo do pai. E daí obter vantagens.
Lula e sua família eram gente muito simples por
isso chama a atenção os milhões e milhões de reais transitam em suas empresas.
Inclusive na empresa do próprio Lula.
É duro, mas a realidade pode ser triste.
Alberto Goldman
Fabio Luís Lula da Silva é o mesmo que foi apontado pelo lobista Fernando Baiano como beneficiário de pagamentos no valor de R$ 2 milhões.